sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Entender os Povos pelo Consumo



O site do influente semanário britânico The Economist publicou em 14/09/2015 uma sugestiva infografia, mostrando como os habitantes de diferentes países usam seu dinheiro. A planilha Item de Consumo X País sintetiza parcialmente o rico conteúdo da infografia.


Austrália
UE
Índia
Japão
México
Rússia
Arábia Saudita
Coréia do Sul
Estados Unidos
Habitação, água, eletricidade



25,3

10,3



Alimentação





30,7


6,8
Transporte




19,0

9,1


Lazer
10,0

1,5






Saúde






1,7

20,9
Restaurante

8,2
2,6






Vestuário




3,0
9,2



Mobiliário






7,3
3,3

Comunicação


1,1



6,3


Bebida





8,3
0,5


Educação





1,1

6,7


Células da planilha: cruzamentos linha Item de Consumo - coluna País (ou bloco de países, caso de UE, União Européia). Células com números percentuais: gastos proporcionais médios mensais das famílias, por item de consumo e por país. Números em vermelho: valores máximos. Números em verde escuro: valores mínimos. Células em branco: valores entre máximo e mínimo. Aos exemplos. Célula Vestuário - Rússia: os russos despendem 9,2% do orçamento, o recorde. Célula Vestuário - México: os mexicanos são os que menos despendem, 3,0%. Linha Vestuário: México e Rússia como marcos comparativos, os demais países consomem entre os dois, uns mais outros menos. Coluna Japão: os japoneses pagam caríssimo e mais do que qualquer outro país por habitação, água e eletricidade; entre o México e a Arábia Saudita em transporte, etc.

Clichês confirmados: os russos são os que mais dilapidam seu dinheiro com bebida alcoólica (a sempiterna vodka, e ultimamente o whisky dos miliardários); os sul-coreanos, reputados como estudiosos, investem muito em educação. Os norte-americanos? Comem mal e barato, para a estafa dos profissionais de saúde. A Cidade do México é escandalosamente grande, com um insuficiente transporte público: resultado, os mexicanos consagram quase um quinto do orçamento com transporte (privado).

Além dos estereótipos. Os russos são um espetáculo à parte: comem, vestem-se e bebem desbragadamente. Habitação, água e eletricidade baratas. Educação praticamente gratuita. Sobra uma imensidão de dinheiro para custear as guerras da Ucrânia e da Síria. Alô, alô, economistas e sociólogos: onde se escondem a propalada crise do rublo e a decadência do russian way of life?

No outro extremo situam-se os ascéticos indianos: quase não se divertem, não se alimentam direito, e se comunicam precariamente. Tudo muito surpreendente, em um país com grandes avanços tecnológicos e forte inserção no mundo globalizado. Suas imensas e castradoras religiões teriam muito a ver com tal comportamento.

A enquete do The Economist é passível de reparos. O alto nível de agregação da entidade UE obscurece o entendimento de seus números. Os europeus seriam os maiores frequentadores de restaurantes? Tirando franceses e italianos, sei não. No mais, as ausências de China e Brasil, como de resto de toda a América do Sul, são a lamentar.

Uma digressão, para finalizar. Como teria sido preenchida a coluna Brasil? Certamente, com o valor máximo em Comunicação (leia-se: uso de celulares). Os brasileiros são os que mais ocupam o tempo com WhatsApp, internet e telefonia móvel. Muito besteirol, falta do que fazer. Mais matéria para os sociólogos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário