Trump e o Clima
O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um empedernido desdenhador dos gases de efeito estufa e do aquecimento global. Em sua campanha eleitoral, ele dizia disparates como o de que o aquecimento é uma invenção da China a fim de prejudicar a competitividade da indústria norte-americana.
Prepara-se para ir à prática. Cercado de lobistas dos combustíveis fósseis, anuncia as seguintes sandices: (1) retirar seu país dos acordos de Paris -- que visam a reduzir as emissões de gases estufa; (2) dar fim ao programa de energia limpa do presidente Obama; e (3) liberar a construção do oleoduto Keystone XL, ligando o Canadá aos Estados Unidos e atravessando este último de norte a sul. (A construção desse oleoduto fora vetada pelo governo Obama, dada a potencialidade de causar pesados danos ambientais.) Tudo isso é grave, muito grave.
Não pára aí. Para comandar a equipe de transição na Agência de Proteção ao Ambiente, Trump indicou Myron Ebell, presidente da Coller Heads Coalition, uma organização que tem por objetivo "dissipar o mito do aquecimento planetário" (sic). O orçamento da agência espacial norte-americana (NASA), no que concerne ao monitoramento de ações de devastação do planeta, vai ser redirecionado para programas completamente alheios a questões da Terra, tais como missões humanas à Lua e além.
Nota à margem - Donald Trump planeja a construção de um muro -- ôpa! o do México é outro -- para proteger sua propriedade escocesa das tempestades e da elevação do nível do mar. Um sinal de reconhecimento dos efeitos do aquecimento global? Mais adequado dizer que ele é um hipócrita e um entreguista dos interesses econômicos.
A Seca no Nordeste
Ao que muito parece indicar, o Nordeste Brasileiro vai entrar no sexto ano consecutivo de estiagem. Será a pior e mais extensa seca dos últimos 100 anos. A última grande crise assemelhada foi aquela entre 1910 e 1915, imortalizada pela escritora cearense Rachel de Queiroz em seu romance realista O Quinze, publicado em 1930.
A área abrangida por Campina Grande na Paraíba -- 400.000 habitantes na sede e quase 1 milhão no entorno chamado de Compartimento da Borborema -- está à beira de um colapso hídrico, com falta de água para consumo humano já em abril próximo. A Grande Fortaleza, a quinta maior aglomeração urbana do Brasil, sofrerá de sede ainda em 2017. Obras estruturantes e novas adutoras não ficarão prontas a tempo de resolver o problema, que bate à porta. O paliativo ora em execução: 6.800 carros-pipa, atendendo a 3.500 localidades.
São apenas alguns aspectos de uma catástrofe climática anunciada, que abarca uma região-país de 1.300.000 km2 e 55 milhões de habitantes. (Meus amigos Almir Junior de Fortaleza -- um estudioso do tempo -- e Bruno Queiroz de Campina Grande ainda acreditam na melhora das condições para chuva em 2017. Ave, Ave, Junior e Bruno!)