O site do influente semanário britânico The Economist publicou em 14/09/2015 uma sugestiva infografia, mostrando como os habitantes de diferentes países usam seu dinheiro. A planilha Item de Consumo X País sintetiza parcialmente o rico conteúdo da infografia.
Austrália
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UE
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Índia
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Japão
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México
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Rússia
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Arábia Saudita
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Coréia do Sul
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Estados Unidos
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Habitação, água,
eletricidade
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25,3
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10,3
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Alimentação
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30,7
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6,8
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Transporte
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19,0
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9,1
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Lazer
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10,0
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1,5
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Saúde
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1,7
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20,9
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Restaurante
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8,2
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2,6
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Vestuário
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3,0
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9,2
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Mobiliário
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7,3
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3,3
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Comunicação
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1,1
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6,3
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Bebida
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8,3
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0,5
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Educação
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1,1
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6,7
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Células da planilha: cruzamentos linha Item de Consumo - coluna País (ou bloco de países, caso de UE, União Européia). Células com números percentuais: gastos proporcionais médios mensais das famílias, por item de consumo e por país. Números em vermelho: valores máximos. Números em verde escuro: valores mínimos. Células em branco: valores entre máximo e mínimo. Aos exemplos. Célula Vestuário - Rússia: os russos despendem 9,2% do orçamento, o recorde. Célula Vestuário - México: os mexicanos são os que menos despendem, 3,0%. Linha Vestuário: México e Rússia como marcos comparativos, os demais países consomem entre os dois, uns mais outros menos. Coluna Japão: os japoneses pagam caríssimo e mais do que qualquer outro país por habitação, água e eletricidade; entre o México e a Arábia Saudita em transporte, etc.
Clichês confirmados: os russos são os que mais dilapidam seu dinheiro com bebida alcoólica (a sempiterna vodka, e ultimamente o whisky dos miliardários); os sul-coreanos, reputados como estudiosos, investem muito em educação. Os norte-americanos? Comem mal e barato, para a estafa dos profissionais de saúde. A Cidade do México é escandalosamente grande, com um insuficiente transporte público: resultado, os mexicanos consagram quase um quinto do orçamento com transporte (privado).
Além dos estereótipos. Os russos são um espetáculo à parte: comem, vestem-se e bebem desbragadamente. Habitação, água e eletricidade baratas. Educação praticamente gratuita. Sobra uma imensidão de dinheiro para custear as guerras da Ucrânia e da Síria. Alô, alô, economistas e sociólogos: onde se escondem a propalada crise do rublo e a decadência do russian way of life?
No outro extremo situam-se os ascéticos indianos: quase não se divertem, não se alimentam direito, e se comunicam precariamente. Tudo muito surpreendente, em um país com grandes avanços tecnológicos e forte inserção no mundo globalizado. Suas imensas e castradoras religiões teriam muito a ver com tal comportamento.
A enquete do The Economist é passível de reparos. O alto nível de agregação da entidade UE obscurece o entendimento de seus números. Os europeus seriam os maiores frequentadores de restaurantes? Tirando franceses e italianos, sei não. No mais, as ausências de China e Brasil, como de resto de toda a América do Sul, são a lamentar.
Uma digressão, para finalizar. Como teria sido preenchida a coluna Brasil? Certamente, com o valor máximo em Comunicação (leia-se: uso de celulares). Os brasileiros são os que mais ocupam o tempo com WhatsApp, internet e telefonia móvel. Muito besteirol, falta do que fazer. Mais matéria para os sociólogos.