sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Presidente Trump



Pela segunda vez neste blog -- a primeira foi a postagem Repetir-se de 27/05/2016 -- a norma "não copiar-colar" do blog é ignorada para reproduzir integralmente o editorial Brexit américain ("Brexit americano") do semanário analítico francês Courrier international, a propósito da vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Enumeram-se três motivos conjuntivos para tal: (m1) a eleição presidencial da primeira potência do planeta repercute natural e intensamente no mundo inteiro; (m2) a excepcionalidade da vitória de Trump, contra as principais médias e contra todas as pesquisas de opinião (à exceção de uma); e (m3) a agudeza e concisão da análise do Courrier: o essencial em apenas três parágrafos.

Segue-se minha tradução para o português do referido editorial, assinado por Éric Chol na edição do Courrier international de 10-16 de novembro de 2016.


     Brexit americano


Faz tempo, as médias o têm tomado por um palhaço. E elas debocham de suas travessuras, sinônimos de zumbido e de querer aparecer. Mas quando os jornais e as redes de televisão acordaram, já era tarde demais: o foguete Trump decolara. Deixando estatelados os Jeb Bush e outros rivais republicanos. O bufão se transformou em demônio da política americana, aquele que precisava ser imobilizado a qualquer preço.

Desde o início do outono, revelações têm se sucedido sobre seus desvarios sexuais e suas fraudes fiscais. Inútil: Donald Trump bem sabe escolher as palavras e o que postar no Tweeter para convencer uma população em cólera a votar nele. Sua campanha, de agressiva rudeza, foi ameaçadoramente eficaz. Fazendo explodir umas após outras as barreiras de contenção democratas. Era preciso ver, nesta noite de 8 de novembro, os semblantes desnorteados dos membros do clã Clinton, ultrapassados por um fenômeno que a ex Primeira Dama jamais soube analisar. Ora longe de ser obra do acaso, a vitória de Donald Trump soa como a resposta populista ao mal-estar profundo da sociedade americana. Um mal-estar cuidadosamente dissimulado por um crescimento econômico moderado e uma taxa de desemprego inferior a 5%.

Mas as fraturas expostas criadas pela globalização, os rasgos no tecido industrial do país, a herança maldita nunca resolvida da recessão de 2008 deram elasticidade ao ressentimento popular. Uma cólera surda, comparável àquela manifestada em junho na Grã-Bretanha [Brexit]: antes de dizer sim a Donald Trump, a América sobretudo disse não a Hillary Clinton. E é com esta América recalcitrante que o resto do mundo, consternado, vai ter que se compor.

Um comentário:

  1. Quem acertou desde o início - e com as razões corretas - é Michael Moore: http://michaelmoore.com/trumpwillwin/

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