sexta-feira, 10 de junho de 2016

Um Jeito Globalizado de Viver



A globalização tem engendrado um novo tipo de gente, que prefere outro país ao seu. Criou-se-lhe um neologismo inglês: next-pat (next: novo; expat, expatriado). O perfil básico de um next-pat: nascido em país desenvolvido, jovem, empreendedor, ultra conectado, o dinheiro não lhe é tudo, e abraça o país acolhedor. Eles são numerosos: 2,5 milhões, só contando os next-pats franceses. Não se lhes opõem fronteiras geográficas. Eis quatro cidades fortes acolhedoras de next-pats: Bombaim, Cingapura, Dubai e Toronto.

O que levaria um next-pat a deixar o país de origem? As razões são diversas. Enumerem-se: falta de perspectiva profissional ou de trabalho; os chamados três D: depressão, dívida, divórcio; e a frieza dos relacionamentos humanos.

Três exemplos de modus vivendi em países adotivos. (Ex1) Um casal francês de engenheiros aprendeu a fabricar macarrão. Passo seguinte, largou sua cidade de Lille para se instalar no Brasil. Hoje, eles fornecem pâtisserie francesa para delicatessens de São Paulo. Adoram a vida paulistana, e nem cogitam de voltar a morar na França. (Ex2) Um next-pat amoroso de Dubai exclama: "O deserto é perfeito para esquecer meus males ingleses". (Ex3) Um francês apaixonado por veículos a duas rodas, chegado há dez anos na Índia com apenas 20 anos de idade, montou em Bombaim uma agência de viagem especializada em excursões de moto. Sua ambição agora é criar uma filial francesa de sua empresa indiana!

Anotem-se cinco dicas de um next-pat a um recém-chegado sobre como fazer e conservar amizade com brasileiros. (D1) Não tenha medo de contato físico: durante uma conversa, tocar o ombro ou o braço ou a barriga do interlocutor é manifestação de apreço. (D2) Use e abuse de exclamações tais como "sim!", "concordo!" e "ah!" para deixar bem claro seu interesse. (D3) Se seu interlocutor o interrompe, não o leve a mal: é que ele simplesmente se entusiasma pelo assunto. (D4) Nem sempre cai bem falar de pobreza, religião e política; puxe por música, futebol, festa e férias. (D5) Em uma reunião profissional, tenha o cuidado de cumprimentar primeiro os mais velhos.

Cidadãos do mundo, dedicam o mesmo interesse às questões políticas, sociais e econômicas de seus novos países e dos países de origem. Em pesquisa junto a next-pats britânicos, 83% se dizem muito preocupados tanto com a pobreza nos países menos desenvolvidos quanto com os sem-abrigo na Grã-Bretanha.

É toda uma evolução da condição humana, de par com o impulso das tecnologias de informação. Pode-se morar e trabalhar em meio a um arrozal de Bali, Indonésia, e ainda dispor de uma conexão banda larga para comunicar-se a longa distância com parceiros de negócio, amigos e familiares. Acesso on-line às edições dos jornais e revistas preferidos. Livros digitais. Smart TV e smart telefone. Enfim, o cidadão dos confins pode ser tão bem informado e culto quanto aqueles vivendo nos grandes centros mundiais.

Os next-pats são, com certeza, uma coisa boa da globalização.

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